[1]Há não muito tempo atrás, ainda numa outra vida, eu andava tranquilo pela rua, e estava sem máscara sem me sentir nu, e havia pessoas a conduzir suas vidas por ali; e lá ia eu, e de repente vi à minha frente uma lagarta - uma lagarta gorda, seus múltiplos passos a dar minúsculos passos, … Continue lendo A lagarta e a náusea
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Café sem prosa em poema
Ao Donatinho, meu primo, pela saudosa inspiração em forma de poesia: "conhece a piada do não nem eu? Não? Nem eu". Que haja leveza na vida de seus filhos, e na sua. O mundo acordou atrasado, corre, acelera e bufa, desvairado - calma, mundo, tá tudo bem. Eu pego o copo e tomo um … Continue lendo Café sem prosa em poema
o ponto cego, o nó da costura do tempo e a solda improvisada com isqueiro
É certo, quase certo, que quando naufragar de vez esse nosso verde-amarelo submarino, terá vindo da avenida paulista a derradeira e decisiva rachadura. sabemos, como se soubéssemos, que é lá que se jogam no presente os trucos do passado e os blefes do futuro. é lá que se olham nos olhos os parceiros, certos de … Continue lendo o ponto cego, o nó da costura do tempo e a solda improvisada com isqueiro
O avesso de um sentimento
Um tempo atrás conheci um cara. Ele frequentava o mesmo bar que eu frequentava com meus amigos de faculdade, e como ele sempre estava lá até a derradeira hora, quando a conta chegava por conta e o garçom lavava nossos pés e mochilas aos baldes, eventualmente acabamos entabulando conversa; passado um tempo ele já vinha … Continue lendo O avesso de um sentimento
Combustão
Seremos, eu e tu, fumaça. Sabes, e é do tempo que seja quando for, quando será; que sejam nosso destino e acaso, de hoje em diante, magnânima entrega: entreguemos nome e idade e gravata e chapéu ao sabor do vento, ao corroer do tempo, ao explodir das bombas, ao rugir das ordens, ao correr dos homens, … Continue lendo Combustão
Na esquina da Artur com a Lisboa, um café
Encontrei Borges por acaso; na verdade, se ele não tivesse erguido o rosto para contemplar a curiosa imagem sobre o café, provavelmente eu não o teria reconhecido. Teria sido irônico, se alguém o pudesse saber, que um meu grande ídolo tomasse um café logo ao meu lado, no café do lado de casa, e eu … Continue lendo Na esquina da Artur com a Lisboa, um café
T’s some blues you got II
[nota: esse texto cruza com outro bem anterior a ele publicado também neste blog, chamado "T's some blues you got"] Black... boa pedida, senhor: o Black é um belo whisky. Mas sabe que eu, nos meus tempos de whisky, tomava Chivas? Gostava muito do Black também, mas o Chivas me parecia mais... como chamam mesmo? … Continue lendo T’s some blues you got II
Acorda, amor (dubstep remix)
Eu, irritado, avesso, arisco, pouco fiz antes de ir dormir. Ela, meio entediada, ressentia-se de minha indisponibilidade, lançando em acusação dejetos da outra metade dela, a metade carente. Pouco falamos, na verdade. Meu dia, o ruim que foi meu dia, notícias esparsas sobre as licenciosidades das amigas dela, do absurdo dos acasos da rua, ah! … Continue lendo Acorda, amor (dubstep remix)
INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA
A polícia veste terno, a polícia veste jaleco O governo do Estado de São Paulo tem se mobilizado em busca de formas de agilizar a internação e o tratamento para dependentes de drogas, com um enfoque especial àqueles que ocupam “cracolândias” e outros espaços públicos marcados pelo uso de substâncias. Dia 21 de janeiro, … Continue lendo INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA
Marcha inexorável
Quando ele sentou na mureta para terminar em paz a conversa com a Amanda já reparou nela; enquanto a Amanda relatava como o Breno passou mal e como a Ana ficou com um cara com quem nem chegou a conversar ele, já menos interessado, contemplava a moça, e foi ficando embasbacado: ela não estava olhando para … Continue lendo Marcha inexorável