Chegou ali na vitrine e já reparou, a dona Dita, que o Moleque tava ali junto com os de sempre no farol. De cara deu meio que um aperto, assim meio que no peito, de ver o Moleque ali – devia de ter o quê?, uns cinco, seis anos... isso não era idade de menino … Continue lendo O massacre dos inocentes
Categoria: Literatura
As botas (e Lino)
As botas cruzadas sobre o banquinho não se ocupavam da réstia de sol a escorregar para fora do alpendre, não. Com o que podiam da atenção, ao sabor da leseira que arrasta o fim de um dia abafado, miravam, sim, o mar de zinco morro abaixo, rebrilhando ao sol como mil peixes esperneando numa tarrafa … Continue lendo As botas (e Lino)
Ode ao Rei Verso
Se um verso, face aparente de um sonho qualquer, dissesse de mim mais do que o que eu sou, (Ou se dissesse de mim não mais que tudo que importa), Se ele me atravessasse as farsas, os impasses e os disfarces,Ele, a frente esquecida do verso de mim. Se um verso meu me pudesse sonhar … Continue lendo Ode ao Rei Verso
Frátria armada, Brasil
Preâmbulo Trata-se, nas páginas que seguem, da composição do mapa político das terras outrora conhecidas como “Brasil”, ou seja, aquelas situadas no cone meridional Leste das terras a Oeste do Atlântico. Ninguém sabe ao certo quando e como se teriam dado as transformações que levaram à atual geografia política – dividida entre Googland, no Sudeste, … Continue lendo Frátria armada, Brasil
Toda a luz que resta
Dedicado ao Rui e à Isa Em memória do Tio Rui, e de todos os tantos outros Parcialmente inspirado em "One more light", da banda Linkin Park Em um céu de bilhões de estrelas, quem se importa se uma mais se apaga?Se já fraca, esta estrela pouco brilha? Se já velha, poucos em seu brilho … Continue lendo Toda a luz que resta
A lagarta e a náusea
[1]Há não muito tempo atrás, ainda numa outra vida, eu andava tranquilo pela rua, e estava sem máscara sem me sentir nu, e havia pessoas a conduzir suas vidas por ali; e lá ia eu, e de repente vi à minha frente uma lagarta - uma lagarta gorda, seus múltiplos passos a dar minúsculos passos, … Continue lendo A lagarta e a náusea
A imperatriz e o Merthiolate
Lembro que, quando era moleque, Merthiolate ardia pra burro. Se você caía e ralava o joelho tinha logo dois motivos pra chorar: a dor do ralado e a dor antecipada do Merthiolate, que estava destinado a arder em você em virtude do ralado. Nunca vi graça nenhuma no ardor do Merthiolate, mas hoje penso que … Continue lendo A imperatriz e o Merthiolate
Alice na trincheira
Este não é um texto de ficção, é apenas o relato de um acontecimento fantástico. Recebi, entre junho e agosto do ano passado, as cartas que abaixo torno públicas. Não sei por que as recebi, nem quem as enviou; investiguei a possibilidade de se tratar de um erro dos correios, ou material publicitário insólito, … Continue lendo Alice na trincheira
Eu disse abrigo?
Se eu sigo sigo sigo, a buscar, em desabrigo, se eu encontrar o que persigo, que não tem nome, meu castigo será decerto não reconhecê-lo, vê-lo estranho a me desvencilhar de mim. Até que um dia, claro: até que um dia se me ofereça a clara visão dele, ou de outro como ele, a acenar … Continue lendo Eu disse abrigo?
Pista de pouso sem número, área rural
Eu que não tenho. Que não teria. Eu, e as ideias que se me ocorrem, e que em geral são muitas. Eu, que vivo e penso em meio a textos não escritos, quando me proponho a escrever escrevo, em geral, sobre nada. Eu, que me encanto pela vida dos "cá dentros", atento sempre à falácia … Continue lendo Pista de pouso sem número, área rural