Ela, ali – Bilidim, problema social. Vira de lado diante do espelho, dá uma estudada no formato da barriga, mas não: ainda não dá pra notar nada. Mas o moleque tá lá. O moleque tá lá dentro, mano! Ali dentro da barriga dela - não dá nem pra ver, mas ele tá ali, bonitinho. Bonitão … Continue lendo Bilidim
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A lagarta e a náusea
[1]Há não muito tempo atrás, ainda numa outra vida, eu andava tranquilo pela rua, e estava sem máscara sem me sentir nu, e havia pessoas a conduzir suas vidas por ali; e lá ia eu, e de repente vi à minha frente uma lagarta - uma lagarta gorda, seus múltiplos passos a dar minúsculos passos, … Continue lendo A lagarta e a náusea
Imbedumehlwana
Começou. O suave tamborilar à janela me convida à varanda, de onde observo a garoa que principia a grande limpeza. Quem passa lá em baixo desapercebe o sinal, abre o guarda-chuva a guardar-se do que a todos parece um aborrecimento primaveril. Quem mais saberá que começou? Soará em meio aos povos o velho, continuado … Continue lendo Imbedumehlwana
Café sem prosa em poema
Ao Donatinho, meu primo, pela saudosa inspiração em forma de poesia: "conhece a piada do não nem eu? Não? Nem eu". Que haja leveza na vida de seus filhos, e na sua. O mundo acordou atrasado, corre, acelera e bufa, desvairado - calma, mundo, tá tudo bem. Eu pego o copo e tomo um … Continue lendo Café sem prosa em poema
Search query = ambulante + morre + atropelado – Aproximadamente 116 mil resultados em 0,3 segundos.
Toda noite o Eduardo chega em casa e a esposa o recebe com um grito vindo da cozinha: tudo certo no trabalho? O Eduardo tem sempre a mesma resposta, curiosa resposta: sobrevivi por acaso. Tudo certo? Não se sabe. Tudo certo, porque sobreviveu. É isso que importa, não é? Então, tudo certo. Tudo certo, porque … Continue lendo Search query = ambulante + morre + atropelado – Aproximadamente 116 mil resultados em 0,3 segundos.
Morre um poeta
“Pro homem no barraco já começa mais um dia”; Eder acorda feliz com o verso, mas a sequência lhe escapa quando olha o relógio – o chefe não vem hoje, ele precisa chegar mais cedo e checar a escala, ligar pra quem costuma não vir, enfim: atrasado, já. “Busca a felicidade, esbarra na verdade/ Desiludida, … Continue lendo Morre um poeta
Slam resistência
[Esse post nasceu a partir da apresentação de Rafael Carnevalli que você pode assistir aqui] Irmão, escuta, irmão, eu chego aqui na humildade pra falar da ocasião O tempo é curto, sempre curto, sempre rotina na pressão e enquanto o grito sufoca sobra o Face, a televisão Eu procuro no caminho a perfeita ocasião pra … Continue lendo Slam resistência
Na esquina da Artur com a Lisboa, um café
Encontrei Borges por acaso; na verdade, se ele não tivesse erguido o rosto para contemplar a curiosa imagem sobre o café, provavelmente eu não o teria reconhecido. Teria sido irônico, se alguém o pudesse saber, que um meu grande ídolo tomasse um café logo ao meu lado, no café do lado de casa, e eu … Continue lendo Na esquina da Artur com a Lisboa, um café
Vértices da alienação (2010)
Em Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, Marco Polo narra a Ghengis Khan as cidades fantásticas que encontrou ao longo de suas viagens; cidades sem fim se seguem no livro, breves relatos, como se fossem sonhos, cidades não-todas, cidades-proposta, cidades-fantasia. Em meio aos relatos, Khan e Polo se desafiam, pensando se as cidades invisíveis são fato, … Continue lendo Vértices da alienação (2010)
Acompanhamento terapêutico e seu “espaço legítimo”
Alguns anos atrás conheci uma instituição particular, fechada, de tratamento para dependentes de álcool e drogas; era uma instituição de referência, onde o tratamento era bem caro. Cheguei nesse lugar com a perspectiva de integrar a equipe de ATs que acompanhava as saídas eventuais de alguns dos pacientes do lugar, aos finais de semana. … Continue lendo Acompanhamento terapêutico e seu “espaço legítimo”