Se numa noite de inverno

      Frio, frio abraço da indiferente noite. Arremessado às vazias circunstâncias da massa inquieta perpasso-me em parnasianos devaneios e aconchegantes calafrios, anacrônico, estranho, alheio. Dissolvo-me no ondear de uma linguagem que, me invadindo, não me pertence, apagado como uma vela encerrada na parafina que a contorna em vida. Sendo em sido, historiado em … Continue lendo Se numa noite de inverno

Dia de féria

  Do lado de cá da calçada batia um sol agradável. Eu, ajeitado na cadeira plástica, contemplava o movimento na rua. E haja movimento! Para tudo quanto é lado passavam jovens, passavam velhos, carros pequenos e grandes. Eu, sentado ali, olhava a eles estranhando tudo. De onde vinham? Para onde vinham? É muito viva essa … Continue lendo Dia de féria

Do Majestic ao Partenon

Inspirado no conto Abrir-se-vos-á, de Dayane Rodrigues:  http://palavrasbambas.blogspot.com/2011/10/abrir-se-vos.html?   A primeira coisa que o atinge é a dolorida consciência da luz, toda aquela luz!, da luz do sol no rosto - só na metade esquerda do rosto. Apertando os olhos ainda fechados vira a cabeça, raspando o rosto colado à almofada na direção oposta, e … Continue lendo Do Majestic ao Partenon

As muitas vidas dos muitos homens das muitas ruas ou Sutil desencaixe

Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho   Pega uma revista Caras. Corre as páginas pelos … Continue lendo As muitas vidas dos muitos homens das muitas ruas ou Sutil desencaixe

A irrupção do sublime – Metido à Carrasco #2

  Dizem que Masud Khan foi ao Himalaia, em busca de iluminação ou alguma experiência epifânica. De alguma forma é provável que todos que se aventuram nesse tipo de experiência absolutamente estranha à rotina e aos prazeres mais "à mão" procurem algo dessa ordem - uma ruptura, um novo.   Reza a lenda que Khan … Continue lendo A irrupção do sublime – Metido à Carrasco #2

Marina – mais uma do executivo

 "Quantas padarias tem São Paulo?" [ Foi há um certo tempo que perguntaram; a pergunta não deixa de ser boa. Quantas padarias haveria na cidade? Quanta gente tomando pão com café? Quanta gente checando seus e-mails em seus celulares, arrumando seus cabelos com espelhos diminutos?  Dez mil, imagino. Ou não, talvez mais: quinze mil padarias.  Isso … Continue lendo Marina – mais uma do executivo

Distopia hiperbólica

Fonte: O Estado de São Paulo, 12 de julho de 2012, caderno Cotidiano, Pág. C10.  CET registra redução de 90% no trânsito da metrópole nos últimos 3 anos Prefeitura considera série de medidas um sucesso - "estamos construindo a São Paulo que todos querem ver", afirma Kassab. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------     São Paulo tem passado por uma série … Continue lendo Distopia hiperbólica