Tinha sido uma besteira, uma irrelevância qualquer – fazia tão pouco tempo e já nem lembrava o que tinha sido. Mas eram tantas irrelevâncias, e eles iam e vinham tão atrozes, que aquela em específico lhe pareceu de súbito insuportável. Porque ele se deu conta de que morria gente demais. É uma conclusão estúpida, e … Continue lendo Alzheimer (desterrados da graça)
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O chão que o diabo amassou
SoturnoRepiso o chão que o diabo amassouChão que por tanto tempo chamei de larE enfim sei, agora que já se fez tardeQue a hora deveria ter vindoe veioE quem não apareceu fui eu
Ressentimento (voragem)
A inquietação que me toma é filha do medo que eu sinto pela certeza que tenho de que jamais receberei o perdão necessário pelas minhas mais fantasiosas falhas - aquelas pelas quais é impossível sequer pedir o tão urgente perdão. Coço e roço e tremo e cuspo como posso, mas o medo me carcome a … Continue lendo Ressentimento (voragem)
À porta
Quando ele enfim nunca mais voltou eu pude, por um tempo, descansar. Pude olhar ao redor, pude olhar a mim mesma, pude ter medo, e então raiva, e enfim nojo - primeiro de mim mesma, mas depois, brevemente, dele. Contemplei, curiosa, a presença tão nítida dele em meus pensamentos. O nojo dele era uma presença … Continue lendo À porta
A memória do elefante
If the elephants have past lives, yet are destined to always remember, It's no wonder how they scream, Like you and I, they must have some temper. And I am dreaming of them on the plains, dirtying up their beds, Watching for some kind of rain to cool their hot heads Rachael Yamagata, "Elephants" … Continue lendo A memória do elefante
Feed me
É claro que, vindo de onde vinha, ele tinha de fazer eventualmente uma ou outra colocação provocativa. Ninguém veria com bons olhos um midiático egresso da militância que não lançasse olhares ferinos, que não apontasse o dedo e desfiasse discursos tão astutos quanto venenosos. Era esperado dele – era isso que fazia ele vender, e … Continue lendo Feed me
Os direitos trabalhistas
Um velho chamado Expedito não podia demorar tanto a morrer – tinha de ser mais expedito ao empacotar-se, tinha de perceber a hora da partida e partir de uma vez. Mas não: fica aí o velho a fazer hora, a fazer dia e mês e ano. Fico eu a velar minhas horas, dias e meses … Continue lendo Os direitos trabalhistas
da queda
Este texto faz parte de uma ciranda literária com a Day Rodrigues, do blog Totens íntimos: Para acompanhar essa narrativa desde o começo siga esses links aqui, ó: 1) Abrir-se-vos-á 2) Do Majestic ao Paternon 3) Paternon 4) Do Majestic a queda 5) Sem pares 6) Coro Intervém ou Mensagens de Força 7) do levante Além disso, se quiser acompanhar melhor … Continue lendo da queda
Águas passadas
Roberto, quando te vi pela última vez estava com meu vestido preto, lembra? Preto, porque estava de luto. Tanto eu como você usávamos óculos escuros, que eu descobri com surpresa que não precisava ter usado, já que não chorei, nem a caminho do cartório, nem lá, nem depois. Supreendi-me, também, ao ver quão pouco os seus … Continue lendo Águas passadas
10 movimentos para tentar pensar, e uma pirueta no final porque eu não me aguento
1. Anti-pt, anti-corinthians, anti-judeu, nada disso tem o estatuto de posicionamento ativo: são mais propriamente tampões de ressentimento social, que situacionalmente adquirem o papel de cheques em branco. 2. É possível ser anti-pt de forma construtiva, obviamente, mas isso depende da assunção clara de um projeto de oposição e da articulação de postura e projeto … Continue lendo 10 movimentos para tentar pensar, e uma pirueta no final porque eu não me aguento