Eu que não tenho. Que não teria. Eu, e as ideias que se me ocorrem, e que em geral são muitas. Eu, que vivo e penso em meio a textos não escritos, quando me proponho a escrever escrevo, em geral, sobre nada. Eu, que me encanto pela vida dos "cá dentros", atento sempre à falácia … Continue lendo Pista de pouso sem número, área rural
Tag: escrita
Deriva
Oi! Passo aqui, rapidamente, para compartilhar um espaço amigo: a revista literária virtual Deriva. A deriva lançou ontem sua quarta edição, cujo tema é intimidade. É possível acessar a página inicial da revista aqui. Nessa edição saiu um texto meu, chamado "O gênio ausente" (aproveito para agracecer à editora, Fabiane Secches, pelo convite), mas quero … Continue lendo Deriva
Rastro
Uma das coisas que mais me atrai na escrita é um certo estado de espírito que se cria, uma disposição que passa pelas coisas que chamamos de contemplação e calma, ainda que não me pareça ser exatamente isso. A linguagem, a relação com a linguagem tem um papel importante, de que já falei mais vezes … Continue lendo Rastro
Nanquim
Já antes do mergulho, entregue apenas à aparência e à vivência que evoca, já antes do mergulho o mergulho é um mergulho. É que o nanquim é de um negro profundo, é a presença brilhante de uma textura robusta, ostentosa, ciente de si, provocante. Já antes do mergulho, portanto, só pela perspectiva do mergulho, o … Continue lendo Nanquim
Dá-me a tua mão #2
[Esse texto inscreve-se como comentário a "Dá-me a tua mão", publicado neste blog em 2012] Que a escrita seja, como dizem, solitária, pode até ser verdade - mas é ainda mais verdade que ela conjura sempre alguma companhia. Pode ser uma multidão, ou não. Pode ser um ou outro, ter ou não ter um rosto. … Continue lendo Dá-me a tua mão #2
Feed me
É claro que, vindo de onde vinha, ele tinha de fazer eventualmente uma ou outra colocação provocativa. Ninguém veria com bons olhos um midiático egresso da militância que não lançasse olhares ferinos, que não apontasse o dedo e desfiasse discursos tão astutos quanto venenosos. Era esperado dele – era isso que fazia ele vender, e … Continue lendo Feed me
Passagem murada, morada
sempre que tento me fazer entender na duração estrita de uma frase, com o propósito de evocar no leitor a sensação de fluidez que um movimento comunicativo com sua modulação e suas curvas e acentos promoveria, sempre que tento dobrar assim as idéias que a mim se afiguram em geral recurvadas e inflectidas por esse português … Continue lendo Passagem murada, morada
Aviãozinho
Te escrevi uma carta. Estava eu lá, todo tinta preta, vertido e versado em palavra, estava eu todo lá. Eu, todo lá, a ser entregue a você. Me escrevi numa carta, a remeter a você. E eu estaria contigo, como nunca estive sequer comigo. Eu seria a mancha que diz dos interiores, a mancha de … Continue lendo Aviãozinho
In_completa Sim_cronia
E agora o moleque está dormindo. Enfim. Agora posso perambular essa casa toda a passos largos, varrê-la livre e desimpedida, posso transitar acelerada entre o quarto e a sala, e o banheiro e a cozinha. Posso fazer o que quiser, e posso querer o que quiser, e posso conseguir querer fazer algo que eu possa … Continue lendo In_completa Sim_cronia
a onda onde o nada anda
[Na escrita, como na leitura e na respiração, há um ritmo, que não se impõe, mas se conquista, abrindo espaço através das cortinas e ditames de um fascínio e uma urgência a nos arrendar o corpo - sobretudo os pulmões - e a respirar-nos, afoitamente. E é por isso que convém preparar-se, dispor-se; respirar; contemplar … Continue lendo a onda onde o nada anda