Tales Ab'Sáber termina a introdução de O Sonhar Restaurado dizendo: "ofereço ao leitor o trabalho de alguns anos de minha vida, na esperança de poder, de uma forma ou de outra, chegar a reelaborá-lo nos próximos, considerando então a contribuição criadora das leituras possíveis". A colocação me fez repensar uma compreensão que por … Continue lendo Prolegômenos e desvarios para uma biologia endógena da escrita
Categoria: Escrita
Outro livro que não li
... ter o livro ao alcance das mãos, e ter o tempo de abri-lo, e querer abri-lo, e não abri-lo - pode? Eu quero ler; quero muito. Como pode? Já passei por isso antes, mas foi diferente. Há algum tempo apaixonei-me por um livro não lido. O livro tinha até uma versão … Continue lendo Outro livro que não li
Sobre nada, como tudo. ondas
Vou me comprar um erro. Um belo erro, comprido e redondo, que me ocupe e me faça perder noção do tempo, até o tempo acabar com isso de uma vez; com meu erro passa mais rápido o dia, e acaba logo a semana, e o mês, e o ano, e aí a gente morre … Continue lendo Sobre nada, como tudo. ondas
breve queda
Aturdiu-se com a súbita queda do velho, do imperscrutável Camões. Viu-se escasseado - ah, esses dizeres! Feito em pouco viu que os dizeres eram-no o quase tudo, o pão que comia, o sono que dormia, era o que dizia e o que dizia ser. Pegou o charuto para melhor contemplar a … Continue lendo breve queda
Desconhecidamente
Eu era moleque ainda. Chegado em casa o que eu mais queria era de novo ganhar as ruas, passárgadas ruas de um condomínio fechado em uma cidade fechada. Acima e abaixo com amigos, e tantos amigos, e tão vários, mais novos e mais velhos, mais experientes e sacanas, mais novos e bobões, e eu … Continue lendo Desconhecidamente
O errante e o flaneur
Vocês que estão no palácio Venham ouvir meu pobre pinho Não tem o cheiro do vinho Das uvas frescas do Lácio Mas tem a cor de Inácio Da serra da Catingueira Um cantador de primeira Que nunca foi numa escola Pois meu verso é feito a foice Do cassaco cortar cana [...] (Lirinha, Cordel estradeiro) … Continue lendo O errante e o flaneur
Palavras têm gosto de nada
Para Jorge Luís Borges, que continuamente tem me surpreendido e mobilizado, são poucas as idéias - essas poucas idéias fazem-se muitas por serem pensadas de formas e ângulos distintos por homens distintos. Há escritores com tino para o efeito estético do uso das palavras, que transmitem aquela idéia que não é só deles de forma … Continue lendo Palavras têm gosto de nada
Sobre os meteoros – borgeana #1
Não conheci Bachelard, nem Ricoeur - viveram num país que não o meu, num tempo igualmente estranho a mim, e morreram antes de que eu nascesse, pelado e infante, em São Paulo. Seja como for, muito se ouve falar deles e do que pensavam do mundo e muito desse muito que se ouve quem … Continue lendo Sobre os meteoros – borgeana #1
… e todos os livros que nunca li
O mais sincero seria começar esse texto declarando minha tristeza em escrevê-lo, por tudo o que ele me custa; mas não me aguento nisso já, contorno esta necessidade e volto a ela quando mais não puder. ...um dos livros que mais me marcou neste ano de 2010 é, sem dúvida, o "Fazes-me falta" … Continue lendo … e todos os livros que nunca li
Ruínas do Pontalis que eu nunca li
A palavra é a morte da arte. A palavra põe contornos e limites lá onde a experiência nua grita, lá onde surge o indômito apelo que faz na arte sua morada e expressão. Muitas vezes parece que há as artes da palavra, artes que são a partir das palavras que a possibilitam; … Continue lendo Ruínas do Pontalis que eu nunca li