BORI
M’Zifi, senta. M’Zifi é trabalho de Exu, tu sabe disso, tu? Tem trabalho pra tu, senta reto, olha forte, estufa o peito, seje homem, tu. […] M’Zifi, é tempo de muda, e a morte desembucha a foice o bonito do esquisito. Usa o medo, M’Zifi, usa o medo e lava da cara o verniz do dia a dia, usa o medo e deixa atrás de si o razoável, o confortável. Vó mata tu, M’Zifi, vó mata tu por dentro de deixar-se acomodar em bonitezas de velório e orações de trabalho feito à branca; lava a vó também, solta o selvagem da vó: vó era o urro do monstro, tu sabe, tu, M’Zifi, tu sabe. Ewá, Oxumaré, Exú – o santo, a morte, o tempo e tu; tu sabe. O bastão, Fi, o bastão de Nanã Buruku, comanda a vida e a morte e, lavando a cara, vestindo a coragem, montando a carcaça, tirando a pirraça e querendo desgraça o bastão da Nanã comanda também tu; tu sabe. […] A véia morre já, M’Zifi, a véia morre que é tempo de muda, M’Zifi fica e protege o tempo, conduz o tempo, carrega o tempo – é tempo de muda, carrega tu o tempo à foice, Fi, e muda.