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http://www.youtube.com/watch?v=hX-nuY9LJAs]
A história começa num ponto inenarrável.
Seria absolutamente ineficiente e errôneo buscar verbalizações de pensamentos dele, ou flashbacks, cortes de cena, o que quer que seja; começa-se necessariamente com a cena, e o silêncio, dos dois.
Eles se abraçam – sem música, sem movimentos de câmera, sem sentimentalismos. Ela chora – silenciosa, mas copiosamente – mas não importa; ele não chora – mas não importa. O silêncio, e a simplicidade, e a intensidade do momento justificam tudo, dizem tudo e são tudo. Pouco importaria se nos remetêssemos à história que compartilharam. Pouco importaria se tudo se estendesse e distendesse até que ele chegasse em casa, sozinho, e não encontrasse um motivo para acender as luzes.
Ela sairá do país dali a um ano, em função de uma oferta de trabalho, sem sequer aperceber-se de que esta decisão decorre direta e inexoravelmente deste momento, desta dança, deste silêncio. Ela não saberá, e não é assim; e não é por isso. E pouco importa.
Eles se abraçam, em silêncio, e isso é tudo o que faz sentido. O apartamento dela, que seria deles em breve, se despedaça em ruínas e chamas à sua volta, fotos se apagam, mundos e mundos deixam de ser o que já eram, sendo ainda promessas; seu silêncio e a impossibilidade de retratar a intensidade e a potência de um simples abraço torna adereço toda a ruína e as perdas incomensuráveis que se descortinam em ondas concêntricas.
Em meio aos fins, por um momento em todos os últimos seis meses – ironicamente o último momento – eles se entendem; não entendem as idéias, pois as idéias são mais enganos que explicações. Não as palavras, porque elas não são entendíveis. Não as perspectivas, os planos, as lógicas.
Em meio aos fins, eles se entendem a si próprios, entendem-se um ao outro – e tudo faz um último sentido antes que todos os erros que não interessam inevitavelmente irrompam.
Ele fecha os olhos, lentamente. Seus lábios se crispam nas pontas. Uma única lágrima escorre de seus olhos – de seu olho, direito. Eles são tudo agora.
Eles são tudo agora.
mas agora acaba.
Jonas S.B., 2010
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