Se começasse assim.
Se assim como nada; assim, como quem quer nada. Se assim que se pudesse, ou ainda antes, quando ainda parecesse vir do nada.
Se como um encontrão, como livros pelo chão, se com um sorriso de artista de televisão.
Se você antes do medo em mim.
Se quando ainda havia inocência, quando ainda haveria como o que eu preciso.
Se antes de ter se tornado impossível.
Se antes de eu ter cagado tudo.
Se antes de entre eu e você haver esse muro de fantasias e medos e sonhos e racionalizações, compensações e supercompensações e hipérboles irrazoáveis inflacionando o pouco que jamais pôde ter havido antes que o que de pior em mim corrompesse e desvirtuasse e, bom…
Estarei, então, aqui.
Eu e a derrota.
Eu e os fatos.
Eu e a poesia concretista, dadaísta, surrealista.
Eu e meu olhar vencido entregue aos devaneios.
Se assim como nada; assim, como quem quer nada. Se assim que se pudesse, ou ainda antes, quando ainda parecesse vir do nada.
Se como um encontrão, como livros pelo chão, se com um sorriso de artista de televisão.
Se você antes do medo em mim.
Se quando ainda havia inocência, quando ainda haveria como o que eu preciso.
Se antes de ter se tornado impossível.
Se antes de eu ter cagado tudo.
Se antes de entre eu e você haver esse muro de fantasias e medos e sonhos e racionalizações, compensações e supercompensações e hipérboles irrazoáveis inflacionando o pouco que jamais pôde ter havido antes que o que de pior em mim corrompesse e desvirtuasse e, bom…
Estarei, então, aqui.
Eu e a derrota.
Eu e os fatos.
Eu e a poesia concretista, dadaísta, surrealista.
Eu e meu olhar vencido entregue aos devaneios.
Eu e a liberdade que a queda das expectativas traz.
Eu e a contemplação do que resta.
A contemplação que me resta.
Eu a olhar você.
Que seja essa minha noite: que eu esteja ao balcão, você ali no salão, a pista some de minha vista e o que resta, o que importa é você.
Você, que já não me vê, que jamais vai saber que naquele momento, quando você viu que eu te via, a única coisa que eu queria era te conhecer.
Mas eu não sabia o que eu queria, e de fato nunca sei ou vou saber.
Mas eu sei, agora, que ali eu devia saber. Se tivesse sabido, quem sabe, se eu tivesse podido, se tivesse tido a clareza,
[ se tivesse começado assim.
Mas não começou. Nunca começa. Eu sempre chego tarde. Mas hoje aprendo – aprendi, porque seu olhar, seu corpo me ensinou – hoje aprendo que onde resto há algo que me acolhe.
Hoje aprendo que esse amargo pode até me agradar.
Me agrada.
E por isso. Por você, claro. E por sua beleza. Pela música, por você não me ver.
Mas acima de tudo por isso. Porque já não me dói. Porque me importo de forma que me acolhe.
Porque descobri a posição a partir de onde ser assim me oferece um espelho que me retorna algum afago.
Porque me descobri ao te olhar.
Porque me descobri a te olhar, te vi não me ver ao me olhar. Te vi virar o rosto, e me vi mergulhado nessa dor em mim.
Aprendi a gostar dela.
Vou te olhar como quem range os dentes sensíveis, em busca do prazer que as dores humilhantes podem produzir. Do quanto elas ensinam a verter o ódio de si num orgulho desassossegado.
Um dia, talvez, eu me descubra misógino. Ou machista. Ou os dois.
Um dia, talvez, eu queira crer que começou aqui; que a culpa é sua; que eu não era assim antes.
Seria bom, se fosse assim. Se pudesse ter começado assim.
Mas não começou.
Will, que texto maravilhoso!
Obrigado, Brenda, fico feliz em saber que gostou!