Os passos na areia, andando-se para trás; saber-se dono dos próprios passos, sentir-se responsável por si e, por um segundo, livre.
Surpreender-se feliz – e só feliz – num momento impróprio, lavando a louça, escovando os dentes, andando na rua.
Sentir o som do próprio fone de ouvido contagiando o mundo, contagiando a si, espalhando-se no ar, as pessoas passando indiferentes ao rompante de si.
Um dia que acaba a tempo de um bônus de horas sem mais.
Uma ligação recebida, numa hora precisa – a coisa certa que acontece na hora certa, do jeito certo.
Um passo em falso, oportuno.
Alguém mais que se importa.
A colocação precisa, a comunicação que supera a barreira das palavras.
O preciso através do imprevisto.
Estar-se bem.
Os véus que se abrem, sem aviso, e as coisas se mostram simples como se fossem outras coisas, na intimidade das coisas que rodeiam no cotidiano; um novo fôlego, fôlego de um ar outro, que raras vezes se aspira.
As coisas simples.
As pessoas simples.
Um tempo simples.
Resguardado pelo suor e conquista da lenta construção dos véus do confortável engodo.
Algo a menos, conquistado às duras custas da construção das coisas entre nós.
Para que nos suportemos.
E ver-se retornado a si, os véus repostos, o dia recomplicado, as pessoas novamente ali íntegras e profundas.
O tempo durável no calendário, intenso e compacto na pele e na carne. Uma vida vivida em um lapso.
E o retorno.
Li algo cheio de leveza transformado em beleza para os meus olhos matutinos.
Abraço!
gostei do texto o que eh singelo, pela primeira vez algo simples e positivo rs amei.