Tem mais gente nas sombras, agora. Chegam mais a cada dia.
Eu olho com os cantos dos olhos, tão curioso quanto amedrontado. Sei há tempos que eles vêem, mas ainda assim não consigo olhar diretamente, como não consigo deixar de olhar.
Nunca achei que eles pudessem realmente me fazer algum mal. No fundo acho que nem seria esse o ponto, não é um medo real, digo: é um medo real, mas não é um medo que espera sua realização.
Ou espera, e é justamente por isso que assusta.
Eu não acho minimamente razoável que eles possam sair das sombras, que eles possam vir em minha direção e me atacar. Acho a idéia ridícula e despropositada, seria absurdo, e como eles mesmos certamente sabem que é absurdo tudo se torna mais absurdo.
Que eles fariam? Eles viriam pra cima de mim, punhos em riste? Assim, em plena luz do dia? Evidentemente não, não é possível.
E todos os dias, então, seguirei passando por essas ruas. Eles estarão sempre ali, nas sombras – logo ali, ao meu lado, mas eles estão na sombra e eu não.
Eles pertencem às sombras, e é lá que eles estarão. Continuarão chegando, se apinhando, as sombras estarão repletas deles. Eu passarei por ali e estarei confiante sob o sol que banha meu terno. Meus olhos perderão por um breve instante o foco, quando eu os observar de leve, discretamente.
Não é medo que eu tenho, é nojo. Disso tenho certeza.
Eles estarão observando. Eles verão esse movimento de meus olhos, saberão que meus olhos os procuraram, saberão que os vi, ainda que apenas com o canto dos olhos.
Não nos vimos, de fato. Não sei quem eles são, e não quero saber.
No fundo eles não são gente. Eles não são gente em lugar algum.
Eu sigo meu caminho, e eles não são nada além das sombras onde se espremem. Logo eles ficam para trás, eu encontro meu caminho e eles seguem, a aguardar que a sombra os devore de vez.
Mas não devora. E eles ficam lá. E eu olho, e eles estão sempre lá.
Eu olho com os cantos dos olhos, tão curioso quanto amedrontado. Sei há tempos que eles vêem, mas ainda assim não consigo olhar diretamente, como não consigo deixar de olhar.
Nunca achei que eles pudessem realmente me fazer algum mal. No fundo acho que nem seria esse o ponto, não é um medo real, digo: é um medo real, mas não é um medo que espera sua realização.
Ou espera, e é justamente por isso que assusta.
Eu não acho minimamente razoável que eles possam sair das sombras, que eles possam vir em minha direção e me atacar. Acho a idéia ridícula e despropositada, seria absurdo, e como eles mesmos certamente sabem que é absurdo tudo se torna mais absurdo.
Que eles fariam? Eles viriam pra cima de mim, punhos em riste? Assim, em plena luz do dia? Evidentemente não, não é possível.
E todos os dias, então, seguirei passando por essas ruas. Eles estarão sempre ali, nas sombras – logo ali, ao meu lado, mas eles estão na sombra e eu não.
Eles pertencem às sombras, e é lá que eles estarão. Continuarão chegando, se apinhando, as sombras estarão repletas deles. Eu passarei por ali e estarei confiante sob o sol que banha meu terno. Meus olhos perderão por um breve instante o foco, quando eu os observar de leve, discretamente.
Não é medo que eu tenho, é nojo. Disso tenho certeza.
Eles estarão observando. Eles verão esse movimento de meus olhos, saberão que meus olhos os procuraram, saberão que os vi, ainda que apenas com o canto dos olhos.
Não nos vimos, de fato. Não sei quem eles são, e não quero saber.
No fundo eles não são gente. Eles não são gente em lugar algum.
Eu sigo meu caminho, e eles não são nada além das sombras onde se espremem. Logo eles ficam para trás, eu encontro meu caminho e eles seguem, a aguardar que a sombra os devore de vez.
Mas não devora. E eles ficam lá. E eu olho, e eles estão sempre lá.
Nunca passa.
Mas um dia… um dia, horror ou gozo, um dia certamente passará.