Com minha gratidão a Gus Valentim e a toda família Valentim, pelos dedins de prosa que encantam a mim e a tantos
– pai?
– oi, filho.
– que é Nucum?
– Nucum?
– é. Acho que é uma bebida.
– quem te disse isso?
– o Victor, da escola. Ele falou pra eu tomar Nucum.
– e por que ele quer que você tome Nucum?
– não sei, ele só disse e saiu correndo.
– você quer tomar Nucum?
– não sei.
– ué, então tudo bem, se ele quiser ele toma, você mesmo não toma e tudo resolvido. Não é?
– é…
– legal.
– …mas pai…
– quê?
– você já tomou Nucum?
– puxa, filho… é… não, não tomei, não.
– será que é bom?
– ixe, eu não sei.
– a mamãe toma?
– não, filho, que eu saiba não. Espero que não!
– por que, pai?
– ah, não sei, filho, dizem que é meio ardido…
– que nem aquele chiclete ardido do titio, pai?
– não, acho que não, acho que é ardido de outro jeito. Acho.
– pai?
– oi, filho.
– quando a gente for no supermercado você compra Nucum pra eu experimentar?
– ixe, acho que no supermercado não vende…
– e onde vende, papai? No shopping?
– também não, filho. Acho que ninguém vende Nucum…
– ah, não?
– assim, talvez lá no centrão, bem à noite…
– onde é o centrão, papai?
– nada, filho, papai está falando besteira.
– tá bom. E, papai?
– oi, filho?
– quer brincar de Tom Joyeer?
– opa, por favor!
– eba!
– mas olha só, filhão, quando você encontrar o Victor, fala pra ele que se ele quiser ir tomar Nucum ele pode.
– tá bom, papai.
– ele que vá tomar o Nucum dele e não te encha o saco.
– meu saco, papai?
– nada, filho, nada. Cadê o Tom Joyeer?
Um comentário em “Uma prosa”