Claro que não

Passa gente, muita gente, sempre tem gente vindo pela esquerda, indo pela direita; no meio um bocado de gente atordoada, perdida, cansada, cara de idiota ocupando as ilhotas a fazer as vezes de meio-fio. Eu, perdido e sem rumo mas um pouco hostil, de quando em quando me rio, uma espécie de desafio lançado ao vento e se brotasse, como por milagre, pouco fruto daria a não ser uns magros sorrisos e um escárnio meio mutante. O mundo, ainda que imundo, parece terra de gigantes, em conflito constante – uns com outros, outros com uns, tem quem faça de tudo, tem quem volte mais tarde, tem quem faça um alarde dos diabos a cada vez que faz uma merda, que solta um pum. E em geral, na média, por cima parece que isso tudo compõe uma espécie de clima, uma média sofrível e rápida rima, perfeita porque feita pra clicar com descaso, buscar uma frase que faça um arraso, curtir ou medir ou banir ou deixar de lado, é uma só desmedida, um errinho, um atraso, faz parte dessa vida de silício e de plástico, já some na massa, faz parte, é a vida, just business, esquece, nem pensa, nem olha, nem mede, nem clica, não vale, não perde, não olha, não fica, não fixa, não cede. É a arte do ontem, o ofício passado, a virtual virtude do apanágio sob medida, é a vida esquecida, é o claro, é o chão, é o medo, é o pão, mas é claro que não.

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