Dedicado ao Rui e à Isa
Em memória do Tio Rui, e de todos os tantos outros
Parcialmente inspirado em “One more light”, da banda Linkin Park
Em um céu de bilhões de estrelas, quem se importa se uma mais se apaga?
Se já fraca, esta estrela pouco brilha? Se já velha, poucos em seu brilho reparam?
Quem se importa se no céu de bilhões de estrelas houver uma a menos?
E ainda assim, e pelo contrário: quem não se importará?
Quem não se importará, se souber que essa estrela ilumina o céu de alguém?
Quem não se importará, ao lembrar que as antigas e distantes estrelas nos remetem
[ aos tão queridos céus perdidos,
[ àqueles iluminados pelas luzes de outras estrelas que já se foram?
Quem não se importará, se a cada estrela que morre o mundo que ela iluminava se apaga
[ aos olhos de quem a tinha como Norte?
Como esquecer o céu de ontem? Como viver sob um céu que brilha fatalmente menos?
Como sobreviver, se o mundo escureceu?
Como viver, se a luz que te orienta se apagou para sempre?
Justamente, sobreviver só é possível se for possível se importar com cada uma das estrelas – todas as estrelas do passado, todas as estrelas se apagando, todas as estrelas que insistem.
Sobreviver só é possível se for possível acreditar que as estrelas do passado brilham ainda. Se for possível lembrar que seu brilho perdura, e sobrevive a elas mesmas.
Se for possível não se esquecer que as estrelas do passado brilham ainda, e é possível que aos olhos de quem as tem como Norte elas, hoje e sempre, brilhem agora mais do que nunca.
Por um lado, é claro, morrer é só o começo. Por outro, e sempre, sobreviver é só o que resta.
Mas adiante, e enfim, e sobretudo, seremos sempre, porque assim nascemos e vivemos, estrelas guia uns para os outros.
Para que nenhum céu esteja sem estrelas.
Para que não esqueçamos.
E para que a vida sobreviva a si mesma, e para que nós estejamos sempre com ela.
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