Que acasos esparsos me ungissem os passos
me aguardassem pelas curvas
mais agudas da trilha
Que me tingissem alvores, rubores, negrumes
As gulas, ventos, doces tempos
Toda a certidão, hesitação, patifaria
Que houvesse descaso,
esparramado docemente
ao sabor das ventanias
Que eu perdesse tudo,
tudo tudo em que me reconheço,
que só me restasse sombra, invenção amarga,
descurada nostalgia
Que eu fosse o resto de mim,
sobrevivente,
alheio a testemunhos,
que eu sem final recomeçasse,
que eu só sempre recomeçaria
Que o quociente se perdesse de mim,
de mãos dadas a qualquer outro ciente,
aguardente aquiescente, demovente
dos amores menores,
da força motora de um interminável mundo cão
(de um mundo não)
(de um mundo são)
São, em raros tempos de infortúnio,
a fortuna generosamente esquecida de si
entregue às luxúrias da vida do todo dia
E o acaso generosamente esquecido de mim
Mim, imenso imerso em um eu enfim desesquecido,
Eu das continuidades interrompido,
Se eu do condicional merecido,
Se eu eterno recomeço,
Se eu enfim eterno recomecional:
Se eu Fotografia
Se eu Vadia
Se eu o acaso um dia
Se eu tudo e sempre calmaria
Se eu extemporaneamente a-final
Se eu, não eu, mas, sempre, eu
Mole não
Se eu, não eu, mas, sempre, eu
Mole não
Fez jus a recomendação!
Muito bom!